"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

FCP x SLB: uma história de xenofobia

Antes de mais, o que é "xenofobia"? Segundo Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, é um aversão aos estrangeiros, ao que vem do estrangeiro ou ao que é estranho ou menos comum.

Ontem, fui assistir ao clássico entre FC Porto e SL Benfica, a contar para as meias-finais da Taça da Liga. No Estádio do Dragão, e à imagem do que têm sido os últimos jogos no grande recinto da Invicta, não se previa uma grande casa. Por isso, os responsáveis do clube azul e branco decidiram abrir a venda de bilhetes ao público em geral. Uma medida esperada porque ninguém gosta de um clássico às moscas. No entanto, isto parece ter afetado alguma massa adepta portista.

Pouco tempo depois do alargamento na venda dos bilhetes leio, por essa Internet fora, alguém a queixar-se da possibilidade de existirem adeptos do grande rival fora do espaço dedicado à equipa visitante. Não dei muita importância a isto, ou seja, o meu grande erro...

27 de Abril: um domingo com calor e uma rivalidade que aquece os corações de adeptos em ambos os lados. Estou a chegar ao recinto da nação portista. A entrada é fácil e não demoro a encontrar o lugar, ao lado da minha família: namorada, mãe e irmão portistas e pai benfiquista. No entanto, estranho o facto do meu pai não trazer o cachecol do seu clube. O meu ar com a explicação dada por ele deveria ter sido imortalizado numa foto. Pelo que ele me contou, pouco tempo depois de sair do carro, foi abordado por um adepto de azul e branco que queria obrigá-lo a tirar o cachecol. Apesar de tudo, o meu pai acabou por não levar um adereço do clube que viera apoiar. Contudo, ainda bem que o fez!

Dentro do Dragão, estávamos na bancada norte. Do lado oposto, encontravam-se os adeptos do SLB. Entre nós e eles, vários adeptos portistas e alguns benfiquistas. Antes do jogo, decorre a normal picardia de insultos entre a claque encarnada e os adeptos azuis em redor. Até aqui, tudo normal, até que chega a Dona Fátima. Envergando o número 7 numa camisola azul e branca, a Dona Fátima decidiu impor o que ela entende como "portismo" e foi perto de duas mulheres que envergavam um cachecol vermelho. "Puta", "cabra", "vaca", "ponham-se no caralho" e "nos órgãos genitais da profissional da tua mãe", eram apenas alguns dos insultos que a Dona Fátima tirou do seu curto leque de vocabulário. Imaginem se o meu pai tivesse levado o cachecol...

O jogo começou, durou e acabou. O FC Porto perdeu, novamente - o que já nem é novidade nesta época. Quando regressei a casa, fui ler a opinião de outros portistas como eu. Pelo meio de críticas à equipa, à SAD e Pinto da Costa, a opinião de um adepto destaca-se: diz que haver adeptos do SLB nas bancadas como se nada fosse lhe causava imensa confusão e que acha uma aberração que os adeptos portistas permitam tal situação. Este comentário é que é uma aberração!


O Dragão é do FC Porto e dos Portistas, mas aqueles com "P" maiúsculo. Porque ser Portista não é tentar pressionar os adeptos rivais indiscriminadamente, como se de criminosos se tratassem. Ser Portista é abafar a equipa rival no campo, com um grande jogo, e na bancada, com cânticos. Ser Portista não é ser agressivo com as pessoas que ali estão, calmamente, apenas para ver um bom espetáculo e apoiar a sua equipa.

Se acham que ser um bom Portista é ameaçar benfiquistas singulares e pacíficos, que vieram com os seus amigos e famílias portistas, estão enganados. Isso é cobardia. É uma vergonha para a nação Portista. É um xenofobismo localizado.


sábado, 26 de abril de 2014

The Rodri & Puskas Association

No dia 26 de Abril de 2013 um pequeno cão baptizado de Puskas chega a minha casa. Timidamente nos primeiros momentos vai vagueando pelos cantos até que encontra um menino com pouco mais de um ano (Rodrigo) que fica em êxtase com o seu novo companheiro. Um ano depois são a equipa que domina a minha casa.


Começaram a sua amizade de uma maneira ténue. Cada um tinha o seu espaço, mas no momento em que a criança adormecia no sofá após tamanhas aventuras o pequeno canídeo fazia questão de descansar ao seu lado, sendo o seu segurança ao longo dos sonhos do pequeno petiz.
À medida que o tempo avançava lá se iniciaram as partilhas. Desde brinquedos (onde os que um não queira eram facilmente destruídos pelo outro) a comida (depois do almoço o bebé de uma maneira solidária deixava o cão lamber o que restasse no prato), o Rodri e o Puskas lá se iam entendendo de um modo onde as palavras saem fracas para explicar tamanha cumplicidade entre um bebé e um cão de caça. 


O Rodrigo começa a andar com mais fluidez e é ai que começa mais uma jornada de aventuras que também é vivida por este que vos escreve: o futebol no hall de entrada. Cada um persegue a sua bola (de vez em quando alternando dependendo de quem chega primeiro ao lance) e pode passar uma hora que a vontade de correr atrás um do outro mantinha-se. 

Apesar dos momentos em que o instinto de um entra em choque com a inocência do outro, raras são as vezes em que um não procura o outro dentro de casa. A palavra "Pu" é dita com toda a alegria pelo Rodrigo seja de manhã quando se cruzam pela primeira vez, seja para felicitar o cão após mais um passeio ou até mesmo para o alertar que está a fazer muito barulho. O Rodri até chega a avisar-nos quando o seu fiel amigo não tem água ou biscoitos na sua tigela. Por outro lado o Puskas recusa-se a sair da frente da porta do quarto dos meus pais quando o seu companheiro dorme profundamente na cama e sempre que procura brincar com o seu peluche deixa-o perto do seu amigo, para que ele o atire para mais uma corrida.

Uma amizade onde um não se cansa do outro e que tem as suas particularidades. O Rodri faz questão de se despedir de todos antes de ir embora e nunca esquece o abanar de mão (um adeus) para o Puskas que só o irá ver no dia seguinte; o Puskas não se detém de lamber as mãos do seu amigo quando ele adormece perto dele ... para depois seguir o exemplo e dormir a seu lado. Mas aquela que acho mais curiosa (e aquela que me afecta directamente) é o planeamento fortuito e sempre eficiente que têm em acordarem-me. O trabalho de equipa é soberbo entre o chamar pelo "Ni" e as lambidelas na cara pelo Puskas.

A cumplicidade que transparecem desde o início demonstra bem que um animal pode ser mesmo o complemento que uma criança pode ter para desenvolver o seu crescimento.

Uma associação que espero que dure muitos anos na minha vida porque ainda têm muito para viver e muitas aventuras para partilhar.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Passaram três anos ...

Passaram três anos sem ti aqui. Demasiado tempo para quem gostava da tua companhia, do teu carácter, da tua maneira de ver a vida. Não há dia que não imagine o que seria da minha vida se tu ainda estivesses do meu lado para me acompanhar.


Jamais me esquecerei de tudo que passamos.
A minha infância tem a tua marca, onde foste um avô com as regras certas para teres um neto respeitador mas que facilmente te arrancaria um sorriso. Lembro-me da moeda que me davas depois da escola para as pastilhas elásticas, mesmo que depois não entendesses bem aquela fixação de mastigar algo para depois deitar fora. Recordo-me dos passeios no teu fiel carro mesmo que apenas fosse para irmos tomar café, viagens curtas mas sempre bonitas e diferentes à sua maneira.

Cresci, mas recusei abandonar o cantinho que me viu crescer. Nunca esquecerei as tardes bem dispostas que passei contigo a ver ciclismo ou ténis enquanto lanchávamos a sempre saborosa broa com presunto com os nossos "bitaites" sobre o que o desporto nos dava. Foram tardes em que me sentia querido como se fosse uma criança, onde sabia que tinha ao meu lado alguém especial para mim. Voltaria a repetir cada tarde até ao resto da minha vida. 

No entanto alguém lá no alto decidiu que após a tua luta terias de ir embora. O meu mundo abanou ai. Se há dia em que me arrependo das minhas acções foi o dia em que decidi ir trabalhar em vez de ir ver-te uma última vez no teu enterro. Pensei que estaria a ser forte ou até porque não senti que nos tínhamos de despedir porque não me ias deixar, mas enganei-me e por isso espero que me perdoes, merecias mais de mim e falhei-te. É com lágrimas nos olhos que escrevo isto. O que mais gostava era de sentir o orgulho que tinhas por mim e sei que a minha vida seria diferente contigo aqui. Ainda te sinto por aqui, a olhar por mim e prometo nunca te decepcionar. O que tu me ensinaste nunca será deixado para trás.

Nunca me abandonaste mesmo após a tua "despedida". Não há jogo que faça sem antes olhar para cima e procurar a tua força, não há momento em que não pense em vencer por ti e não há dia em que visite a tua campa e não fale contigo.
A imagem do meu avô sentado na sua cadeira (onde apenas ele tinha o "luxo" de se sentar), olhando para a tv com a luz a meio termo para não ferir os olhos nunca me vai sair da cabeça e orgulho-me de ter sido parte da tua vida, da tua felicidade espero eu.

Idolatrei-te como ninguém, respeitava-te acima de tudo. O meu crescimento deve-se a ti, e vou agradecer-te para sempre. Até sempre avô.


terça-feira, 1 de abril de 2014

ÚLTIMA HORA: Crónicas em Branco comprado!


Olá a todos.
É com um misto de orgulho e nostalgia que vos escrevo este artigo. Orgulho porque me sinto feliz por poder retribuir finalmente a quem está comigo e que eu adoro, nostalgia porque gosto de olhar para trás e sei que no início nunca pensei criar tal negócio anos volvidos. O que é certo é que três anos depois, o trabalho de todos nesta casa parece ter tido finalmente a recompensa certa. Fizemos de tudo e neste último ano tentamos ir mais longe ao criar uma rubrica nossa, acreditamos no nosso projecto e tínhamos algo ainda maior preparado para quem nos segue.


De um momento para o outro crescemos em boa escala (perto dos 300 likes em Abril quando era o objectivo anual) e as ambições de cada um de nós estavam bem expostas ... aí surgiu o contacto.
Não vamos mentir. É o começo de uma nova era. Esta "compra" acaba com o Crónicas? Não queremos tal coisa, a família será a mesma, agora munida de outra motivação, algo que para sobreviver é também importante. Por respeito à entidade que acaba por comprar esta marca (um grande grupo de media em Portugal) não iremos revelar valores, seria inglório para quem nos segue porque nenhum de nós tem verdadeiramente um preço e porque não deve servir de estandarte para se vanglorizar.


Estão a acreditar no nosso potencial e na continuidade da nossa marca e isso deixa-nos muito felizes porque também é a prova que afinal existe quem olhe pelos "pequenos". Transmite-nos mais vontade para continuar e mostrar que foi uma aposta ganha e que o investimento não podia ser mais acertado.  

Nunca nos deixamos levar pelos caminhos fáceis, pelos trilhos da publicidade fácil e jamais nos escondemos de críticas ou ideias que nos apresentaram. Já fomos a votos e muitos viram o que fomos capazes, isso é intocável na nossa filosofia ... hoje sinto que tudo isso não foi em vão.

Rodeei-me de amigos com muito talento e agradeço a todos terem continuado comigo. Espero sinceramente que se sintam realizados com os valores que a negociação que levei a cabo acabou por definir. Vocês merecem.

Obrigado a todos que nos seguem, foi um prazer desde o dia 1 e apesar de não saber o dia de amanhã, prometo que não será a última vez que ouviram falar de nós.

Até à próxima.
Daniel André Teixeira (em nome de todos no Crónicas em Branco)


Actualização:
O Crónicas em Branco acabou por não chegar a acordo com a entidade que pretendia comprar o blog porque ... ok, vamos esclarecer as coisas.
Este artigo foi o nosso modo de assinalar o dia 1 de Abril, um dia que leva a muitos "desvios" da verdade. Esperemos que tenha sido do vosso agrado e agradecemos desde já os incentivos e elogios ao espaço daqueles que acreditaram (ou fizeram de conta que acreditaram). Significa muito para nós que tão vasto auditório esteja de olho em nós.
Obrigado.
1/04/2014, 23:53h