"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Crónicas em Branco - 3 Anos (Especial Sketch)

Hoje o Crónicas em Branco comemora 3 anos de existência.
Três anos de textos, de desafios, de vídeos, de uma evolução consistente e acima de tudo o criar de uma equipa do qual me orgulho.


Já são mais de 14 mil visualizações, o ínicio de uma rubrica (Estado Crónico) e o querer levar isto ainda bem mais longe.

Deixo-vos duas coisas:
- O meu mais sincero "Obrigado". Um agradecimento que estendo a quem está comigo neste projecto (Filipa, Fábio, Ania, Rita e Pedro) que são incansáveis e acima de tudo amigos que sempre vou estimar. São os "Melhores do Mundo" para mim. E o mesmo agradecimento vai para quem nos acompanha, quem tira o seu tempo para ler, para ver os nossos vídeos e que continua do outro lado a espera de algo mais da nossa parte. Vocês são fundamentais.


- Uma data destas merece um presente, que presenteia quem está a escrever como quem nos vê.
Para comemorar estes 3 anos de existência, deixo-vos com o sketch "Flashback". Espero que seja do vosso agrado.




Três anos já passaram ... mas ainda há muito mais para ver, acreditem!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ronaldo, lágrimas de um vencedor

Aguentou-se quase duas horas de cerimónia, mas eis que tinha chegado o momento que os portugueses esperavam.
Pelé abriu o envelope e disse "Cristiano Ronaldo".



O português sorriu, cumprimentou a sua namorada e dirigiu-se ao palco, deixando para trás o sorriso de Messi e a resignação de Ribery. A caminhada triunfante de um jogador soberbo até ao prémio que tanto almejava: A Bola de Ouro.

Mas perante a sensação que é um misto de orgulho com dever cumprido Ronaldo fez algo que se pensava ser só possível aos humanos. Cristiano Ronaldo chorou.
Porque um Comandante de ferro perante uma guerra ganha, também tem o direito de ser humano e derramar lágrimas de felicidade. Neste momento de consagração o internacional português ainda teve a presença do seu filho, as lágrimas da sua mãe e as de orgulho de Irina Shayk, sua namorada.

O Mundo do futebol viu Ronaldo vencer o Ballon D'Or de 2013, mas acima de tudo viu a humildade de um menino madeirense que não se perdeu ao longo dos anos.

Nem todos adoram Ronaldo é certo.
Arrogante, com um ego estratosférico, "estrela", individualista, mau perdedor ... já lhe chamaram de tudo. Mas também já lhe chamaram algo que ele até já ganhou o gosto de ouvir: "vencedor".

Cristiano Ronaldo é sinónimo de perseverança, é um modelo a seguir para quem quer ser verdadeiramente o melhor. É certo que uns nascem com talento (Lionel Messi) e pouco têm para melhorar, mas Ronaldo sempre quis ser mais do que era ano após ano. Manchester e Madrid sabem bem o que é o fenómeno Cristiano Ronaldo.

Ronaldo foi fulcral para estarmos no Mundial e decerto que muitos de nós nos esquecemos dos momentos em que o assobiamos, em que o criticamos ... é aí que se vê quem é realmente bom no que faz.

Mesmo com toda uma panóplia de acontecimentos em torno da cerimónia, Ronaldo fintou todas as críticas, bateu continência, mostrou muitas vezes que ele "estava ali" e hoje apareceu em Zurique, alcançando o prémio mais alto a nível individual para um jogador.

Cristiano Ronaldo venceu hoje e Portugal viu que até o mais bravo e forte dos heróis derrama uma lágrima.
Parabéns Cristiano Ronaldo.



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A Beleza Magoa ["Pretty Hurts"]


Beleza. Segundo o dicionário, termo usado para fazer referência a uma perfeição agradável à vista

e que cativa o espírito, uma pessoa formosa. Desde quando é que a beleza tem de estar associada à perfeição é que eu não sei...
São milhares. Milhões. As meninas e as mulheres que lutam diariamente por atingir tal padrão. O de ser-se belo. Calam as suas inseguranças e fingem ser quem não são. Brincam com o fogo. Porque foi assim que lhes ensinaram. Porque lhes foram dados modelos a seguir. Desde que se levantam até que se deitam. A sociedade educa-as para aspirarem a papéis de beldades. É preciso ter pessoas bonitas. Especialmente mulheres. E jovens. É preciso implementar a ideia de que temos de ser como elas.
Deixam de se arranjar por vontade própria. Passando a fazê-lo por terceiros. Pelo o que irão os outros julgar. Há que parecer bem. Torna-se um vício. E quanto mais o alimentamos, menos de nós gostamos. Um dia deixamos de nos ter em consideração sequer. A nossa opinião já não vale. Quando acordamos já não somos quem éramos no dia anterior. E tal acontece. Dia após dia após dia. A mensagem que vem de fora ocupa cada vez mais espaço na tua mente. Entranha-se qual injeccção de morfina qual quê. Como se de repente somos confrontadas com a ausência de dor. Como se tudo se tivesse esvaído e o que nos resta agora é a mascara com que vamos encarar o mundo lá fora. É só menos um quilo, pensamos nós. Não vai fazer diferença. Mas faz a diferença.
Se nos dizem que estamos bem, já não acreditamos. Para quê? Estar bem não chega. Há que estar perfeito. Porém, essa busca pela perfeição é, na verdade, a nossa própria ruína. Torna-se uma doença. Que nos corrompe sem mais não. E por mais nos tentemos melhorar. Já não somos capazes de o fazer sem ajuda. Perde-se as forças à medida que se perderam os quilos. E não se trata somente das forças físicas. Já é a nossa alma que precisa de tratamento.
O passo seguinte, muitas vezes, é vingarmo-nos no exercício. Esquecemo-nos entretanto que já nada irá aliviar a nossa dor. A dor de termos perdido quem somos ao longo deste percurso. É como viver num corpo que não reconhecemos como nosso. Nada irá aliviar esta dor. Queremos libertarmo-nos deste corpo. Deste maldito corpo que só nos dá dores de cabeça e pesadelos. Alguém que nos liberte! Mas ninguém consegue... Está tudo na alma. Em tudo o que nos fora dito e mostrado durante anos a fio... Sorrisos plásticos já não são o suficente. A negação também não. Já percebemos que não somos quem éramos. E pior do que isso, sabemos que, muito provavelmente, a criança de cinco anos que um dia fomos deve estar cheia de vergonha da pessoa em que nos tornamos. Onde está essa menina?
O problema é que, no fundo, sabemos que os últimos responsáveis por esta situação fomos nós. Que permitimos que a pessoa que éramos e o amor-próprio que sentíamos se esvaísse por entre os dedos. Que permitimos sermos mais uma boneca no meio de tantas. Que não fomos sóbrias o suficiente para perceber que ninguém nos pode mudar e moldar aos seus próprios gostos e interesses.
E só quando chegar essa noite gélida. A noite em que nos iremos render por completo e entregarmo-nos a quem nos levará escuridão adentro. Quando a solidão já nos estrangula e não vemos alma alguma à nossa volta. Aí perguntamo-nos se valeu a pena. Se os sacríficos valeram a pena. E, por breves momentos, admitimos que não. Que fomos umas bestas por termos acreditado que a nossa felicidade podia estar sobre o controlo de outro alguém. E não no nosso, onde sempre deveria ter estado. Já é mais do que a aparência. Mas sim, uma pessoa que se mudou. O nosso reflexo sume-se diante dos nossos olhos. E aí perguntamo-nos: foste feliz contigo mesma?
Não.
 
 
Nota: "Pretty Hurts", de Beyoncé teve a sua quota-parte no motivo pelo qual publiquei este texto. Espero que vos inspire tanto quanto me inspirou a mim.