"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

domingo, 29 de janeiro de 2012

Elogio à Vida


            A vida – esta sina louca que nos trazem de bandeja – é feita de começos e términos. Chamámos-lhes fases, perdas, ou até, vitórias. E tentamos sempre vê-los com positivismo, despejando nesses recomeços ilusões e esperanças que só nós próprios podemos concretizar. Esquecemo-nos, no entanto, que os erros fazem também parte. É aí mesmo que se distingue os seres humanos: uns conseguem reconhecê-los e ultrapassá-los, outros envergonham-se deles e acabam martirizando-se constantemente.
            Por outro lado, um pouco por toda a parte, há quem se esqueça da magia que esta sina louca contém. Este corre-corre contra o tempo entre planos. Não é preciso muito para essas pessoas terem um dia estragado: café derramado na blusa engomadinha, multa de estacionamento, saldo esgotado no telemóvel, … E é por isso que nos esquecemos daquele/as que podem ser os/as dias/fases mais felizes das nossas vidas.
            Ora, nem sempre essas fases são, ou acontecem, tal como delineamos. Nem sempre emanam de datas marcadas ou de cerimónias primorosas. E muitas das vezes, elas iniciam-se justamente quando parámos de as invocar. Não é maravilhoso? Basta cessar receios ou pudores, ou rancores, e a sensação de um paladar novo conduzir-nos-á a um conforto e diversão “ai Jesus que lá vou eu”! Se é que me faço entender.
            A nossa essência permanece intacta, mas por outro lado, abrir a alma à novidade é o impulso que nos faz levitar até ao futuro. Até à chance de fazer de novo, de fazer melhor. Em suma, o dia rotineiro e vulgar pode tornar-se o mais feliz, e quiçá decisivo, bastando que para isso nos deixemos de mágoas e preconceitos. Demos voz ao pedacinho de alma adormecido. Aos sonhos delirados, mas possíveis. Essa voz que nunca se cala mas que nem sempre se ouve. Há quem a ouça todos os dias. Há com a ouça uma vez na vida. E há quem nunca a tenha ouvido.
PS: e obrigada ao Crónicas em Branco por fazer parte desta minha etapa!

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