"Writing is a socially acceptable form of schizophrenia."
(E.L. Doctorow
)

"Words - so innocent and powerless as they are, as standing in a dictionary, how potent for good and evil they become in the hands of one who knows how to combine them."
(Nathaniel Hawthorne
)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Português XXI


Solta-se em mim um grito silencioso por querer sair deste país egoísta, desigual e comodista. Não cómodo como o regaço da nossa avó, que nos acariciava o cabelo enquanto dizia que viríamos a crescer, a ser bons homens. Cresci, mas não me sinto bem nesta realidade. O meu futuro está incerto perante tal negrume na minha terra natal e comodidade é algo que nela desconheço.

Não consigo ser um bom homem face à desonestidade entranhada nos portugueses: um povo, outrora de grandes conquistas, que se virou para o facilitismo e para a desonestidade. A versão XXI do português é, na sua essência, um murro no estômago de todos aqueles que lutaram pelo mínimo de respeito e igualdade.

O dinheiro corrompe-nos as veias, torna-nos maus. Por ele, os governantes viraram vilões. Não resistiram ao brilho das moedas, ao cheiro das notas; quiseram evitar que se perdesse nas mãos do Zé – aquele sujeito bêbedo e ignorante. Guardaram-no, seguro, nos seus bolsos. Foram-no amealhando, e o povo anuiu, embrulhado na comodidade da esmola que eles lhe davam, mesmo desconfiando do que guardavam os líderes nos seus bolsos. Isto, porque o português sempre foi esperto e procura trabalhar o menos possível. Enquanto recebia, tudo corria bem. Hoje, em plena crise, o português não procura lutar contra a maré, espera que alguém o faça por si. O português quer melhorar a vida, mas não quer trabalhar mais por isso. O português não joga em equipa; prefere atirar a toalha ao chão e pedir esmola.

Se foi para isto que eu cresci, desilude-me que seja para ver os portugueses cavar a sua própria sepultura.

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